domingo, 5 de outubro de 2008

Refletindo sobre a Política 1: Eleições 2008



Hoje, pela manhã, li na primeira página de um jornal, de grande circulação no município e em todo o estado do Rio, a seguinte frase interrogativa: Quem vai dar jeito nisso?

A frase estava associada à imagem do morro do Vidigal, com a sua comunidade e a da Chácara do Céu.

Analisando só a pergunta, pode-se avaliar o quanto o sistema político do país é precário e incipiente em termos de cumprimento de seus deveres com o cidadão eleitor e residente no município.

Não estou falando do atual ou de um governo anterior... Mas de todos que já passaram e, ainda, daqueles que hão de passar.

Pessimismo. Talvez!

Mas, uma coisa é certa... a tradição política do país em suas diferentes esferas de abrangência (federal, estadual e/ou municipal) sempre mantiveram e alimentaram esta má imagem sobre o poder político brasileiro.

E vou além mais, pois até os reflexos desta herança e prática cotidiana – até hoje – pode ser sentidos em instâncias menores de poder político, como ocorrem, por exemplos , em eleições para escolha dos membros de Associação de Moradores, do Grêmio Estudantil etc.

Os problemas são sempre os mesmos, mas as soluções definitivas ou paliativas nunca são atingidos.

Sai e entra governo, mas o quê se vê é a manutenção dos mesmos problemas sob uma tênue capa de mudanças. Muitas das vezes só no nível de discurso, pois nem mesmo uma iniciativa para mudar o quadro deficiente é verificada.

Saúde e Educação são as áreas mais problemáticas e de difícil solução para todos, que até então, tiveram o poder em suas mãos e as possibilidades de se fazer valer, inclusive, as suas promessas de campanha.

Até hoje, pouco se fez para a área, para os funcionários e para o cidadão que depende destes serviços públicos.

É um absurdo, você, doente, ter que sair de madrugada de casa para tentar pegar a fila bem cedo em um Posto de Saúde, onde outras pessoas em igual ou pior situação de saúde também se encontram.

Além disso, há os riscos de você contribuir com o aumento das estatísticas municipal e estadual, como vítima também da violência urbana.

Você, enquanto paciente, pode obter a senha, depois de 3 a 4 horas em pé na fila ou pode, mesmo debilitado, retornar para casa, em estado de revolta, por não ter tido assegurado a senha para a consulta, após tantas horas na fila.

Desta jeito, podemos acreditar que a premissa é verdadeira: o sistema médico-hospitalar do nosso país é aquele que você entra com uma doença e sai com mais três ou, quando senão, morre na fila.

Pode parecer engraçado, mas é muito triste ver a realidade da nossa área de Saúde.

Fico imaginando como seria uma situação de teste para os discursos oficiais e plataforma de Campanha, a qual - ao invés de visitação simples em Postos e/ou Hospitais públicos - os políticos deveriam ter acesso a estes sob a forma de atendimento, propriamente dito, para os seus problemas de saúde e de seus familiares.

Só passando pela via crucis que o cidadão, que depende deste serviço público, passa é que eles, que pretendem e/ou se encontram no poder, podem avaliar, sem maquiagem nenhuma, a dura realidade do seu povo, eleitor ou não.

Durante a Propaganda Eleitoral, muito se ouviu quanto a promessas, compromissos etc, fazendo esquecer que estas são obrigações deles e não favores ao povo.

Lembro-me bem de uma funcionária chamada Isabel, do SARE (Secretaria de Administração e Reestruração Estadual - RJ) que, me advertiu, quando lhe agradeci pela sua atenção ao meu processo de exoneração (matrícula do antigo Primário) e ela me respondeu que não era para agradecer, pois aquele era o seu trabalho.

Falou-me que não estava fazendo nada demais, apenas a sua obrigação, pois a sua função era aquela.

Suas palavras me fizeram refletir o quanto estamos acostumados com a morosidade dos serviços públicos e, quando alguém desempenha a sua função de forma correta, tal como deveria ser, a idéia que nos dá é que ele está fazendo um esforço descomunal para nos atender de forma eficiente.

Falando em Educação, esta consiste em outra área que, mais do que nunca, se encontra entre os serviços mais deficitários para a população.

Embora seja notório alguns avanços nesta área, outros fatores – no entanto – a coloca em retrocesso, capaz de inviabilizar o seu processo de valorização e de qualidade de ensino.

É evidente que, neste contexto, não cabe só à política a total responsabilidade, mas majoritariamente, sim!

Nesta perspectiva vamos ter, também, os agentes internos, além dos externos. Esta discussão é longa e não vou me estender aqui.

Eu só acho que, sob uma retrospectiva do poder político no país, sempre houve muito discurso e poucas mudanças efetivas para a grande massa populacional que depende dos serviços públicos, como as áreas de Saúde e Educação.

Marli Vieira


"De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto" .

(Trecho de discurso de Ruy Barbosa)

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